Hoje continuamos a nossa rubrica Entre Personagens, um espaço de entrevista com membros da comunidade.
Neste formato de perguntas e respostas, o objetivo é dar a conhecer melhor alguns dos membros da comunidade, com os mais variados backgrounds, de jogadores a staff e criadores de conteúdo.
Foi com grande prazer que falámos com Rui Martins, mais conhecido como Otto Abdul, um veterano do roleplay português e criador de conteúdo na Twitch, que ao longo dos anos tem construído personagens icónicas e uma comunidade sólida à sua volta.
A minha entrada no roleplay foi por ver o Tiago (VSKI) a desempenhar um papel de lider da org dos Vanilla, e era uma forma que eu tinha de partilhar o mesmo "espaço" e poder cruzar-me com ele, uma vez que era e é um dos cabeças de cartaz gaming em Portugal.
O meu inicio penso que foi igual a todos os jogadores que se deparam com o roleplay pela primeira vez... Um boneco, que nem personagem era nem sequer pensava nisso, era apenas um boneco em modo jordão em pleno Portugália, a socializar e a envolver-me com as mecânicas do FiveM, muito ainda com mentalidade de GTA Online. Adaptação do que se podia e não fazer foi engraçada, tinha medo de fazer qualquer erro e ser banido!
A minha primeira personagem foi também no Portugália e era um travesti com voz grossa e barba, cujo o nome era Jackline Rouse. Foi na Jackline que comecei a aprofundar no roleplay e a desenvolver historias com coisas que não tinham interação mas era apenas a imaginação e ao longo do tempo cresceu a personalidade da jackline bem como o seu mundo imaginário.
O que destacou a Jackline foi eu "acampar" à porta dos reboques, e incentivar a malta a usar rádio, colete, e comunicar quando vissem um carro abandonado para que outro reboque se pudesse deslocar. Com isto consegui acabar com a javardice e confusão nos reboques e coordenar a empresa de que não passava de um trabalho comum sem qualquer tipo de MLO. E foi assim que ficou conhecida a Jackline a patroa dos reboques do Portugália.
Aconteceu várias vezes já com a personagem Otto Abdull, personagem iniciada também no Portugália mas ainda sem uma personalidade definida. Acontecia muitas vezes a historia ficar sem rumo e ser muito repetitiva, onde eu chegava a escrever em off ideias e frases que mais tarde ficavam caracteristicas da personagem. Chegava muitas vezes a combinar RP's off stream, mas que depois em stream tinham um desenrolar completamente diferente e tornava-se engraçado mas ao mesmo tempo off stream preocupava-me em tentar melhorar a personagem e não seguir certos caminhos para não me comprometer ou de certa forma me prejudicar a personagem.
A personagem já tinha anos como disse acima, o Otto foi criado no Portugália há uns 5 anos atras, mas foi no Saga RP que levei a personagem ao limite tanto de caracter como de personalidade. Quando entrei no Puerto Esperanza já sabia bem como ia interpretar o Otto, visto que o servidor na altura tava muito morto a nivel de crime e eu quis envolver a policia e os bombeiros para que estes tivessem atividade. Foi desafiante, escrevi muito off stream; o desenrolar de certas situações e o meu principal objetivo no Puerto era envolver o maximo de players ou organizações no RP para que todos desfrutassem. Consegui faze-lo diverti-me muito e a malta divertia-se comigo o feedback era top.
Foste recentemente banido do servidor. Queres explicar um pouco o teu ponto de vista sobre a situação e fazer um balanço da tua estadia no Puerto Esperanza? O Puerto Esperanza é um bom servidor assim como o Saga era. No meu ponto de vista e não só, o servidor foi afetado com a facilidade de entrada por parte da staff nas candidaturas. Começou a ficar com muitos players que tinham na cabeça aquele RP formatado dos servidores publicos, e as minhas interações acabam sempre com tiroteios por parte de players que não tinham capacidade psicologica para desenvolver roleplay. Foi sistemático até ao dia que fiz uma stream de 8 horas 6 passadas no roleplay, e essas 6 horas foram marcados por acontecimentos sem sentido. Chegavam disparavam e matavam ali os RPs. Decici nessa mesma noite dar CK ao Otto e abandonei o servidor, porque ja me estava afetar psicologicamente na minha vida pessoal, e muito cansado e decidi parar ali para não me deixar afetar mais por um jogo.
Decidi comentar e mostrar a vod em live para que a malta pudesse dar a sua opinião e eu proprio sempre dei as minhas independentemente se eram boas ou más, e a staff do Puerto Esperanza acabou por me informar que me tinham banido devido ao facto de dar "expose" ao servidor e mencionar alguns staffs. Hoje vejo streamers no Puerto Esperanza a jogar com graficos de PVP. Não guardo ressentimento fui feliz divertime muito e sei que diverti muita gente, mas a minha jornada ali já tinha acabado. Felicidades ao servidor não desejo que acabe mas que mude alguma staff e que o servidor venha a melhorar.
Eu com 38 anos, não me iludo e nunca pensei em ser "famoso" com isto. e fazia as streams por amigos pedirem porque eles iam ao meu escritorio e riam-se ao ver-me a jogar e foi ai que comecei a fazer streams. Nunca me deixei iludir pelos numeros até porque isso afeta muita malta da twitch porque hoje têm 100 amanha têm 20... e sempre fui muito ciente disso. A malta que seja percistente e que trabalhe para melhorar e tentar dar algo diferente ao seu publico, não basta ligar a live jogar e pronto. isso é um ciclo repetitivo que tem uma meta muito curta. Basicamente a malta que leve na desportiva, que trabalhe se gosta realmente disto, humildade a cima de tudo e lembrem-se que do outro lado, tenham 100 ou tenham 5 pessoas a ver, está sempre alguém que se vai identificar convosco, ou na personalidade ou na ideologia, e que está a passar uma fase da vida menos boa e estão ali para se abstrair e se divertirem convosco.
Neste momento sou Streamer a tempo inteiro, ou chamado criador de conteúdos, porque sempre trabalhei com edição de video para empresas etc. Sou mestre de fabrico e artes plasticas de 3D coisa que atualmente faço para mim, e antes de voltar ás streams novamente quando me mudei para frança era motorista de transportes internacionais. Neste momento estou com subsidio de desemprego em França o que me permite dedicar mais tempo ás streams, e consequentemente mais tempo para a minha familia.
Não tenho grandes planos, mas sei que não me posso focar so no roleplay apesar de ser 98% o meu conteudo. A nivel de Stream também tenho sempre muitas ideias mas como sou uma pessoa que se atira de cabeça e sou um pouco ou plo menos tento ser, perfeccionista em tudo o que faço, nas streams não é diferente, mas consequentemente ocupa-me muito tempo a tentar dar algo novo e diferenciado ao publico, seja no conteudo seja a nivel de equipamentos e opções na live. O roleplay está um pouco desfigurado devido ás "camadas jovens", e não haver tanto respeito pelo player que me deixa um pouco triste a minha visão acerca do roleplay no futuro. De momento estou só a surfar a onda e ver o tempo que me aguento em pé na prancha.
Servidor é incrivel a nivel de scripts, MLO's, optimisação, e conduta exigida no servidor. É dificil de ser selecionado, mas é com isto que eles conseguem bons roleplayers, não se focam em ter muitos players no servidor mas os que têm rodam muita historia. Ultimamente não tenho entrado muito no VRRP, por estar um pouco cansado psicologicamente do roleplay imersivo, e tenho andado mais por servidores publicos tambem a puxar outras vertentes de mim ao deparar-me com players sem noção do que é o roleplay. Mas no fundo isso faz-me fortificar a mente e estar mais ciente quando essas coisas acontecem.
Acho que já fui falando um pouco sobre isso. Está formatado o roleplay muito na onda dos publicos, os miudos de hoje em dia é logo atirar a matar sem desenvolver um pouco a historia e ao mesmo tempo exercitarem a mente e a creatividade. Deixa-me triste mas ao mesmo tempo faz parte da mudança e não podemos fazer nada. A nivel de mudanças é complicado porque já não se trata do rroleplay mas sim da malta taras o computador sem empatia pelo proximo, sem humildade, sem respeito... e temos que saber lidar.
Não... Até porque as personagens que crio, mais tarde ou mais cedo, muito ou pouco, acabo sempre por as usar num servidor ou outro, para não perder as formas de falar e as personalidades. o Cigano Rui Manuel sempre aprocura dum negocio de venda de algo inexistente... o Otto Abdull o criminoso em busca de mais um dia de emoção e liberdade, A Jackline Rouse que essa sim ficou perdida no tempo e nunca mais ousei em voltar a essa personagem e a minha mais recente o Fanhoso ainda sem um nome que marque a peronagem más é um fanhoso irritado com a mania que todos gozam com ele, e essa é a que tenho vindo a trabalhar, pouco mas vou desenvolvendo. Entre outras que criei mas não desenvolvi ou porque não tinham grande impacto ou porque não era quilo que eu idealizava.
A nivel pessoal não, mas a nivel de equipamento sim e por vezes o tempo que me leva durante o dia antes das lives a preparar novos "gatilhos" no equipamento pa dar algo diferente ou mesmo afinações na stream que por alma do diabo deixam de funcionar como era suposto. Basicamente é fazer uma pre live em off e ver se ta tudo operacional, uma vez que tenho muito equipamento, e iniciar live.
Isso é uma boa questão... Mas sim, influencia muito. Ou na facilidade com que te recebem num servidor e te deixam á vontade para o que precises a nivel de conteudo, mas também a forma como sou tratado por players ao perceberem que sou eu noto logo uma mudança drastica na forma de como aquele Rp estava a desenvolver. tornam-se mais passivos e tentam entrar na minha "onda". Mas o que tudo parece ser bom também é mau em muitas situações que queres ficar no anonimato e ao te conhecerem o RP já leva um rumo totalmente diferente e issoa contece muito.
è mesmo isso, é ao primeiro contacto a mente ja estar a trabalhar mais a frente para tentar logo dar ali um rumo ao roleplay, seja ele para me beneficiar ou mesmo para me projudicar in game. O que por vezes tem mesmo de acontecer e eu não me importo porque faz parte e tenho muito fairplay. Prefiro muitas vezes morrer do que matar e ser apontado por isto ou por aquilo. Na vida pessoal é a mesma coisa e por vezes via-me a fazer roleplay na vida real principalmente em abordagens de transito, sendo chamado atenção muitas vezes por a minha mulher, pela forma como estava a falar para os senhores agentes. Contudo sou um roleplayer com muito mais estofo e tento sempre porme no lado do outro player.